domingo, 22 de maio de 2011

EU ROBÔ! ou A maldição do abominável Doppelgänger docente



Belo depoimento. Já vi milhares assim. Colegas que se colocam na linha de frente para falar sobre sua situação e de seus colegas. Infelizmente, são tratados como baderneiros.

O interessante deste depoimento em especial é o contexto comunicacional onde ele se insere. A internet, como suporte comunicacional possibilitou este e outros eventos peculiares. Um fato social, um evento, ganhando notoriedade, se espalhando como um vírus.

Vamos falar de forma simples: a internet é um banquinho, onde todos podem falar e se sentir ouvidos. Isso é a verdadeira democratização dos meios de comunicação. Mediação, com o mínimo de ruído.

Por outro lado, me preocupa o uso ideológico deste evento. E a sua perecibilidade na rede. A melhor pauta de todos os tempos da última semana. A notoriedade do simulacro, do espetacular, ao invés do fato em si. Na prática, temos uma realidade democrática na internet, mas no mundo real, a apatia reina.

Os eventos virtuais mobililizam no mundo concreto? Creio que pouco. É como um game: jogamos a fase, superamos o desafio, desligamos o aparelho e depois vamos trabalhar. Matamos o gigante virtual, mas o golias de verdade continua pisando em nossos calos. E o que fazemos? Nos conformamos, desde que nosso mundinho privado esteja preservado. Desde que nosso direito cidadão de ser consumidor não seja atravessado.

Todos aplaudem. Mas na verdade é que no dia seguinte todos continuarão a reproduzir os discursos hegemônicos. Ficarão calados para preservar sua face positiva, encarnando o fiador dos discursos de outrem.

A autora da fala esteve no Faustão hoje. Praticamente vi o diabo olhando para os professores, com cara de troll, rindo, dando tapinha nas costas da moça. Como se estivesse tirando uma com a cara dos docentes e falando: olá, esta é só para vocês se arderem. Para que vejam a água no deserto. Mas dela não beberão. Metáfora desvairada, fruto de um dia de correções de TCC's.

Nesta linha de pensamento, cabe articular com Lévy, sobre os lados positivo e negativo da internet. Há a possibilidade de emancipação e há a alienação. Não romperemos a segunda somente com um suporte - se não isto já teria ocorrido com os adventos da imprensa, rádio e TV. É necessária uma formalização da educação para as mídias. Sempre baterei nesta tecla. Não adianta distribuir livros para analfabetos.

E viva o amendoim!

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto e complemento com a seguinte frase: Educar para incluir. Talvez essa seja a grande preocupação dos estudiosos em Economia Política da Internet e Sociedade da Informação, como César Bolanos, Ismar de Oliveira e o próprio Sérgio Amadeu da Silveira, um dos precursores do projeto Software Livre.

    ResponderExcluir